segunda-feira, 26 de março de 2007

O PAPEL DOS PAIS NA EDUCAÇÃO DA FAMÍLIA

Vivemos hoje dias difíceis. Dias de muita violência e pouco amor, dias de muita desonra e pouca honra, dias de muita injustiça e pouca justiça, dias de muita liberdade e poucos limites... Dias modernos caracterizados pela desestruturação familiar, pela falta de ética, pela falta de princípios morais, pelo prazer no desrespeito às leis e a certeza da impunidade. Podemos até dizer, paradoxalmente ao que nos diz a ciência; hoje vivemos dias de grande desenvolvimento científico e pouca qualidade de vida.
Vivemos dias em que a mulher com sua inteligência incontestável, grande competência, meiguice, ternura, liberdade sem discriminação pelo menos aparente, com sua ansiedade de conquistas, tem na sua grande maioria, conquistado a cada dia, novos espaços na sociedade hodierna (que espaços a mulher ainda não conquistou?). Não sou contra as grandes conquistas femininas. Mas, acredito que essas conquistas deixaram uma lacuna impreenchível no importante papel da mulher na construção e na educação de uma família saudável.
Os pais são um referêncial, um modelo para sua família, e na ausência parcial ou total destes como fica a família? Não sou conservador nem tão pouco defendo o patriarcado ou matrarcado, mas vejo que a figura da mãe é insubstituível na formação moral, amorosa, e religiosa (mesmo sabendo que os céticos não associam conduta à religião) de seus filhos; assim como a figura do pai é essencial para equilibrar essa educação muitas vezes com um pouco de sua inflexibilidade, com suas regras, seus limites e porque não dizer com sua proteção e amor paternal. A Palavra de Deus no livro de Deutronômio capítulo 11 e versículos 19 e 20 diz: "Ponde, pois estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te...".
Quantas famílias não lêem mais a Bíblia em reunião em seu lar com os filhos? Quantas famílias já não têm mais tempo para sentar ao redor da mesa durante as refeições e aproveitarem estes momentos para dialogar com seus filhos? Quantas mães já não têm mais tempo para se dedicarem aos filhos e ensinarem as primeiras noções de Deus, da fé e do amor? Quantos pais já não têm mais tempo para questionarem o que é certo e o que é errado? O ativismo dos tempos modernos quebrou os elos que uniam e fortaleciam a família. Quanto ao título dessa reflexão, quando me refiro aos pais, não faço alusão àqueles pais que para tudo e para todos têm sempre um Não monossilábico e autoritário como resposta. Estes são pais que não exercitam o diálogo com seus filhos, castram o desenvolvimento moral, intelectual, religioso e social, dos jovens e adolescentes. São pais que na sua rigidez com nuances de moralismo ditatorial, agem semelhantemente como as trepadeiras que sufocam e matam o vigor e o viço da planta suporte e desta forma impedem o seu crescimento.
Refiro-me a pais que não são omissos, nem monossilábicos, nem apáticos, nem coniventes. Pois estes são pais vivos de filhos órfãos. Refiro-me, sim, àqueles que desenvolvem juntamente com seus filhos e esposa uma vida de cumplicidade, amizade, camaradagem, confiança e respeito mútuo. Ser pais modernos não significa que são tolerantes a todo tipo de liberdade e permissividade, mas, pais presentes, que brincam, acompanham, dialogam, instruem, observam, corrigem, ensinam a pensar, disciplinam (disciplinar não é açoitar, bater, castigar, etc.), e impõe limites aos filhos. Quem não estiver disposto a dizer "não" na hora certa e se fizer de vítima dos filhos, que não finja que é pai ou mãe. Sabemos o quanto é difícil nos dias de hoje, ser amorosamente atento, amorosamente zeloso, amorosamente interessado. O tempo em que vivemos trabalha contra isso. O ativismo tem tirado dos pais essa possibilidade de educar os seus filhos e esta função foi repassada para a escola. A Escola não está nem educando nem instruindo; pois não devemos confundir educação com instrução ou construção do conhecimento.
A escola por sua vez, tem obtido menos resultados positivos na tarefa de educar do que na de instruir, pois a tarefa de educar requer muito mais do que apenas algumas horas diárias com a criança de forma sistemática e metódica, exige convivencia, acompanhamento constante, observação contínua (diuturna), profundo conhecimento da criança, afeto e amor verdadeiros, exige poder de decisão que só os pais possuem, a escola já não pode disciplinar, chamar atenção do aluno, etc. Nas séries iniciais do ciclo de alfabetização (do 1º ao 4º ano), o aluno não pode ser retido, as crianças têm de passar para as séries seguintes mesmo não estando aptas, pois não podem ter o constrangimento de ficarem retidas, porque isto pode lhes trazer consequências desastrosas para sua vida escolar futura. Como se a vida fosse formada apenas por acertos e vitórias e nunca tivéssemos de passar por derrotas, perdas e momentos infelizes. Nas séries subsequentes o esforço da escola continua mesmo que de forma disfarçada em direção à mesma ótica, ou seja, a não reprovação. Hoje, na escola é muito mais difícil para o aluno ser reprovado do que ser aprovado, tamanha são as facilidades e oportunidades que eles têm. É preciso observarmos a mensagem subliminar que há por trás de toda essa pseudo-psicologia educacional que é produzir uma falsa impressão de que os índices educacionais estão altos. Isto oculta o número real do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que deve estar em torno de no máximo 4 pontos numa escala de 1 a 10; colocando o Brasil em 37º lugar entre 40 países. "Em 2003, na última edição da avaliação educacional feita pela OCDE - Organização para a cooperação e Desenvolvimento Econômico, conhecida como "teste de Pisa", o Brasil ficou em último lugar na aprendizagem de matemática, com a pior média entre 40 países. Em leitura, o Brasil ficou em 37° lugar entre os mesmos 40 países, apenas acima do México, Tunísia e Indonésia". A vida real não funciona dessa forma. Na vida real o mercado de trabalho escolhe os melhores e mais competentes, no vestibular são aprovados os que sabem mais, nos concursos e exames só são chamados os mais capacitados. Essa é a lei da sobrevivencia nesta sociedade competitiva.

AGRADECIMENTO

A todos os que fazem o Jornal de Fato, na pessoa de William Robson e Izaíra Thalita por ter publicado a nossa primeira matéria EDUCAÇÃO DE QUALIDADE, na edição 245, no caderno DOMINGO - 25 de março de 2007; o meu muito obrigado.