
Com a municipalização e a estadualização da educação de base, as escolas são administradas segundo a vontade e os recursos dos prefeitos e governadores. A conseqüência é uma diversidade radical de qualidade de nossas escolas, como se elas não formassem crianças do mesmo país.
a) Padrões Nacionais de salário, formação e dedicação do professor.
Nos moldes do que ocorre nas empresas estatais, a exemplo o Banco do Brasil, em que os servidores têm salários estabelecidos nacionalmente e é selecionado por concurso nacional.
b) Padrões Nacionais para as edificações e equipamentos das escolas.
Nos dias de hoje, os equipamentos e os prédios escolares estão entregues às possibilidades e vontades dos prefeitos e governadores. O Governo Federal não dispõe de qualquer instrumento legal para mudar essa realidade. Só a definição de padrões mínimos por meio de uma Lei Federal de Habite-se Escolar poderá trazer a unificação da modernização dos prédios e equipamentos das escolas brasileiras.
c) Padrões Nacionais Mínimos para o Conteúdo Escolar.
A municipalização e a estadualização deixaram o conteúdo escolar ao arbítrio, ao descaso ou a falta de recursos de cada governo estadual ou municipal. O resultado é um atraso geral e um desequilíbrio completo entre as escolas, no que se refere ao aprendizado dos alunos.
LEITURA CRÍTICO-REFLEXIVA
Na realidade, a municipalização e a estadualização da educação brasileira, criada pela Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001 que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE), criou em seu artigo 2º uma obrigação para os estados, o Distrito Federal e os municípios: A partir da vigência desta lei, os estados, o Distrito Federal e os municípios deveriam com base no Plano Nacional de Educação elaborar Planos Decenais correspondentes.
Com isso gerou-se a possibilidade de legalmente amparados por essa Lei cada estado, assim como o Distrito Federal e os demais municípios da federação, elaborarem seu conteúdo programático adequado de acordo com suas próprias realidades, vontades políticas e interesses estaduais e municipais. Algumas cidades cuja potencialidade econômica (renda per capita) é às vezes 50% ou 60% vezes menor do que outras, obviamente terão o seu projeto educacional comprometido quando comparados com aqueles que têm um percentual igualmente superior. Portanto, o futuro das crianças brasileiras está condenado, em função da cidade que a mesma tenha nascido ou viva. Para quebrar esse paradigma o único caminho que se tem é a definição de Padrões Nacionais para todas as escolas brasileiras.
Esses padrões conforme já vimos, passam pela padronização nacional do salário (piso nacional) discutido pela categoria, o CNTE já dispõe de uma proposta para esse valor (R$ 1.050,00 para professores do nível médio e R$ 1.575,00 para professores do nível superior), o que o ministro Haddad acha bastante razoável, só que o importante não é achar razoável, mas trabalhar para que o Governo Federal aprove esta proposta. Para isso é necessário desenvolver também uma política de acompanhamento da capacitação, da dedicação e do desempenho de cada profissional da educação, de modo que sejam criados mecanismos de incentivos e motivações para esses profissionais. Esses padrões devem constituir, no futuro, um plano Nacional da Carreira do Magistério da Educação de Base.
Há no Brasil em torno de 164 mil escolas das quais mais de 22.000 não têm água, mais de 20.000 não têm energia elétrica, mais de 100.000 estão implantadas em locais totalmente inadequados, escolas que em pleno século XXI não têm computadores, laboratório de informática (inclusão digital), laboratórios de ciências, bibliotecas devidamente organizadas (pode-se pensar em uma escola sem biblioteca?), mini-auditório (laboratório para artes cênicas), refeitório (local apropriado e digno para o lanche escolar), equipamentos de acessibilidade para alunos com necessidades especiais (inclusão social), Este é o quadro real da educação brasileira. Vivemos em um país em que para se conseguir uma reforma de um prédio escolar esta comunidade tem que lutar mais três anos com reivindicações ininterruptas. Este é um país no qual a educação não é prioridade...
Onde também não existe uma padronização curricular mínima nacional. Onde dentro de algumas escolas existe a discrepância curricular de um turno para outro, se o aluno mudar de turno, com certeza encontrará o professor do turno para o qual ele mudou dando um outro conteúdo, e este não se harmonizará com o do turno do qual procede. Algo precisa ser feito pela educação deste país. Está na hora de cobrarmos uma Educação Pública de Qualidade para todos ricos e pobres.