segunda-feira, 18 de junho de 2007

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

É incrível como no Brasil, as questões preponderantemente importantes para a nação saem do foco da mídia tão rapidamente, ou às vezes, não recebem a devida atenção por parte da chamada grande Imprensa nacional. O chefe da assessoria de Comunicação Social do Ministério de Educação e Cultura (MEC), Dr. Leandro Marshall, dispõe de um indicador razoavelmente abrangente e acurado para medir a repercussão na mídia das ações do MEC: o clipping, mantido por todas as instituições públicas brasileiras, do Planalto a municípios de grande, médio e, quem sabe, pequeno porte. E esse clipping, diz Marshall em entrevista ao Observatório da Imprensa, confirma a impressão de que a imprensa não faz o acompanhamento necessário para melhorar a Qualidade da Educação no Brasil. Isso não soa bem, mas, tem um fundo de verdade quando sabemos que a Educação foi considerada estratégica e de fundamental importância para o desenvolvimento do Brasil, por prisioneiros do sistema carcerário do Rio de Janeiro, como foi revelado, há 20 (vinte) anos atrás, através da realização de um Censo Penitenciário que fez a 9.000 sentenciados a pergunta: “Qual é a questão mais importante do país?” e obteve majoritariamente a resposta: “A educação”.
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) teve uma grande repercussão nacional quando do seu lançamento, no dia 24 de abril, com toda pompa que o fato merece pelo ministro Fernando Haddad. Ganhou aplausos e elogios generalizados.
O tema andou pelas primeiras páginas durante alguns dias. Depois foi desaparecendo. E depois o PDE não voltou mais. Outros assuntos educacionais de menor relevância apareceram desde então na primeira página. Um dos mais constantes foi a invasão da Reitoria da USP, que, na melhor das hipóteses, é um fenômeno. Até aí, nada de mais. Como pode a educação nacional competir com a visita do papa, operação sanguessuga, discussão da maioridade penal, prisão do dono da Gautama, ministro demitido por corrupção, namorada do presidente do senado, queda do número 2 da Polícia Federal, governador José Serra brincando de atirador de elite, caça-níqueis, bingos, tropeços do PAC, rolos do irmão do presidente Lula, prefeito Gilberto Kassab brincando com cachimbo de crack, fotos da parada Gay, ministra Marta Suplici mandando que os passageiros das empresas áreas com vôos em atraso, relaxassem e gozassem, diante das circunstâncias constrangedoras criadas pelos atrasos das aeronaves e por aí afora...
O ministro da educação e cultura (MEC) iniciou um programa de visitas aos estados para reuniões com os governadores e todos os prefeitos para aprofundar os questionamentos sobre o PDE. A primeira foi na Bahia, em 9 de maio. Noticiário zero. Melhorou um pouquinho no Ceará e no Piauí, estados menores, onde os eventos tiveram maior peso específico. Mas a cobertura, essa local, única que houve, sempre sendo feita de maneira apressada, segundo o assessor Leandro Marshall. Isso mostra que a educação ainda não é levada a sério, pela imprensa, pela força política, enfim, ela continua não sendo um assunto prioritário para essa nação.
E os professores, educadores, servidores da educação, gestores públicos, compromissados com a educação; os SINTE’S associados à CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação que têm uma história de luta onde estão? Que não se posicionaram até agora? Urge que tenhamos um posicionamento mais claro, mais transparente, mais coerente, e até impactante com relação a essa luta em prol de uma Educação Pública de Qualidade para todos. É mais do que necessário que puxemos esse debate a nível nacional, para que possamos discutir democraticamente a escola que queremos para nosso país. Essas discussões estão acima das discussões salariais, porque elas definem o rumo que queremos dar a educação deste país. Rumo este que determina o futuro da nação. Sem valorizar a educação jamais teremos um país, forte, desenvolvido e com espírito nacionalista.
O Senador Cristovam Buarque, grande paladino da educação, criou o Movimento: “Educação Já”, lançado no dia 24 de março, em Fortaleza-CE, cidade escolhida pelo fato de o Ceará ter sido o primeiro estado brasileiro, oficialmente a decretar a abolição da escravatura, antes da princesa Isabel assinar a Lei Áurea. Esse movimento já percorreu vários estados brasileiros dentre eles: Ceará-CE, Minas Gerais-MG, Goiás-GO, Espírito Santo-ES, Santa Catarina-SC e Paraná-PR. Mas, mesmo assim, ainda não foi detectado pelos radares da mídia nacional. Segundo o Senador Cristovam Buarque “chegou a hora de transformar a educação em um movimento de caráter suprapartidário, social e ideológico”. “Todas as mudanças que ocorreram no Brasil começaram com o povo nas ruas. Anistia Já, Diretas Já, Constituinte Já, Impeachment Já. Agora está na hora do Educação Já”, disse o Senador.
É preciso mudar a mentalidade no Brasil, disse Cristovam Buarque. “Temos de encarar a educação não como um serviço a mais – água, esgoto, estrada, energia. A educação é o centro, o eixo, o vetor, o motor do progresso. O lema da bandeira nacional deveria mudar de Ordem e Progresso para Educação é Progresso”.

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