segunda-feira, 30 de julho de 2007

VÔO 3054

“ – Passageiros:
Apertem os cintos,
Pousaremos em Congonhas.
(silêncio... muito silêncio...)
A chuva lá fora [fria],
A pista toda escorregadia.
(... e o pouso não para...
Não para jamais.)
(gritos... muitos gritos...)
O caos,
o pesadelo,
as explosões,
os destroços,
as mortes
e muitas mortes.
[arde em todos nós a solidão do fogo,
queimando-nos,
carbonizando-nos.]
Valei-nos Deus: é o fim...
é o fim dos nossos encontros
com todos nossos familiares;
(muito difícil),
é o fim dos nossos encontros
com todos nossos amigos.
Valei-nos Deus: é o fim para todos.
Restará agora o choro de dor,
por nós passageiros da agonia;
de um vôo já predestinado
há TAM(tas) mazelas,
dum caos aéreo...
Cadê as autoridades?
A Anac... a Infraero... a Aeronáutica?
Cadê a TAM?
O funcionário do governo que fez “aquele gesto”...
Cadê o presidente?
Cadê o povo?
Reajam todos!!!
Não fiquem daí só a chorar por nós:
Reajam todos!!!
Isto não pode acabar assim...
num vôo sem liberdade,
d’onde fomos pássaros sem asas,
amarrados a um fim.
Por todos nós do vôo 3054...
Reajam!!!
Reajam até o fim!!!
Depois... chorem, chorem em paz...
no silêncio das nossas almas...
profundamente...”

Elísio Soares – elisiosoares@yahoo.com.br

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